Faltam 30 dias para a cerimônia de abertura de Paris 2024. A edição deste ano equivale à 29ª dos Jogos Olímpicos de Verão modernos, numa contagem que teve início em Atenas, na Grécia, em 1896.
Paris 2024 representa a terceira vez em que a a capital francesa sediará os Jogos Olímpicos. A primeira delas foi em 1900, enquanto a segunda ocorreu há exatos 100 anos, em 1924.
O evento promovido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) traz uma série de novidades. Nesta reportagem, a Máquina do Esporte selecionou alguns desses fatos, nunca antes vistos nos Jogos.
Cerimônia de abertura
As cerimônias de abertura costumam ser partes marcantes dos Jogos Olímpicos, com suas apresentações musicais e coreografias ensaiadas, os desfiles de delegações, a tecnologia de ponta e os discursos emocionados.
Para se ter uma ideia do que essa solenidade inicial representa para o público, nos Jogos Olímpicos de Pequim, realizados há 16 anos, a cerimônia de abertura alcançou uma audiência global de mais de 2 bilhões de espectadores, segundo veículos de imprensa como Bloomberg e Wall Street Journal.
Em Paris 2024, a abertura promete muita inovação. Pela primeira vez, o evento não será realizado em um estádio, mas sim em um dos principais cartões-postais da capital francesa, o Rio Sena, sem a cobrança de ingressos do público e com as delegações chegando em barcos.
O protagonismo do Rio Sena nos Jogos não ficará restrita à solenidade de abertura. Ele também abrigará a maratona aquática, numa situação que também tem rendido polêmicas.
Uma delas tem a ver com o filme de terror “Sob as Águas do Sena”, lançado neste ano pelo serviço de streaming Netflix e que narra a história de tubarões que surgem nas águas doces que banham a capital francesa, provocando pânico e morte durante uma grande prova de triatlo.
Para além do gosto duvidoso dessa ficção pseudocientífica, os competidores olímpicos podem ter de enfrentar uma “ameaça real” no rio Sena.
Grupos de franceses têm se organizado na internet para a realização de um cocô coletivo nas águas do manancial, como forma de demonstrar que o local possui dejetos e poluentes.
A ideia surgiu depois que a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, dispôs-se a mergulhar no Sena, como forma de provar ao mundo que as águas do rio são limpas e seguras.
Inicialmente, o cocô coletivo estava previsto para ocorrer no último domingo (23), mas depois foi adiado para o dia 30 e, por fim, ficou agendado para 8 de julho, como forma de aproveitar o período das chuvas, que aumentam a vazão do rio.
Para quem acha que o protesto seria mais inofensivo do que as feras da ficção, convém lembrar que, anualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em torno de 15 mil pessoas morrem ao redor do planeta, devido a doenças infecciosas ocasionadas pela falta de saneamento básico. Enquanto isso, em 2023 foram registrados 69 ataques de tubarão no mundo, com dez mortes no total.
Paridade de gênero
A primeira vez que as mulheres puderam competir nos Jogos Olímpicos da era moderna foi justamente em Paris, em 1900. Na ocasião, elas representavam apenas 2,2% do total de atletas. Naquele ano, o evento reuniu 997 competidores, dos quais 22 eram do sexo feminino.
Um detalhe curioso é que as mulheres estavam autorizadas a competir somente em dois esportes, tênis e golfe, porque não havia contato físico.
Passados 124 anos desde então, Paris volta a inovar. Esta edição dos Jogos Olímpicos será a primeira a contar com paridade de gênero para atletas.
O evento deverá reunir em torno de 10,5 mil competidores, dos quais 5.250 serão homens e 5.250, mulheres. Ao todo, deverão ocorrer 329 disputas no decorrer dos Jogos, em 32 esportes e 48 modalidades.
Breakdance
A cada nova edição dos Jogos Olímpicos, modalidades esportivas podem ser incluídas ou excluídas do programa. Um exemplo é o caratê, que, por ser uma das mais tradicionais artes marciais do Japão, fez parte de Tóquio 2020, mas acabou não sendo mantido em Paris 2024.
A grande novidade da edição que será realizada na capital francesa é o breakdance, que fará sua estreia nos Jogos.
Surgido nos anos 1970, a partir da cultura hip hop, o estilo de dança foi incluído no programa de Paris 2024,com base na Agenda 20+20, que estabelece objetivos visando tornar os Jogos Olímpicos mais urbanos e conectados à juventude.
Competições dos dois lados do planeta
Apesar de cada edição dos Jogos Olímpicos estar associada a uma localidade específica, é comum que ocorram disputas fora da cidade-sede.
Nos Jogos do Rio 2016, por exemplo, partidas de futebol foram realizadas em diversas das cidades que haviam sediado a Copa do Mundo de 2014, caso de São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Brasília e até mesmo Manaus, que fica a 2.853 quilômetros (em linha reta) da capital fluminense.
Por mais que essa distância possa parecer imensa, não é quase nada quando comparada à que haverá entre a Cidade Luz e sua subsede nos Jogos Olímpicos de 2024.
Por determinação do COI, as provas de surfe de Paris 2024 serão realizadas na praia de Teahupo’o, conhecida por suas ondas gigantes e que está localizada no Taiti, no território ultramarino da Polinésia Francesa, no Oceano Pacífico.
Com isso, a disputa do surfe ocorrerá a mais de 15,7 mil quilômetros de distância da cidade-sede dos Jogos. A Polinésia Francesa é parte do que restou do império colonial constituído pelo país europeu e que contava, na década de 1930, com uma área de 11,5 milhões de quilômetros quadrados (maior do que o Canadá, segundo maior país do mundo em área), em territórios espalhados pela América do Sul, Caribe, África, Ásia e as ilhas do Oceano Pacífico.
A escolha da subsede também gerou polêmicas e protestos, por conta da decisão do Comitê Organizador de construir uma torre de observação dentro do mar, de modo a permitir que os jurados acompanhem de perto o desempenho dos competidores.
Autoridades locais e moradores, além de diversos surfistas que frequentam o arquipélago, criticaram a obra, alegando que ela pode ocasionar danos ao ecossistema.
O projeto chegou a ser readequado, passando a prever uma estrutura menor, mas ainda assim as queixas permaneceram, sobretudo depois que um barco envolvido na construção da torre danificou corais existentes no local. O caso ocorreu em dezembro do ano passado e teve forte repercussão nas redes sociais.
Amadores liberados na maratona
Outra novidade em Paris 2024 envolve a maratona, uma das mais tradicionais provas do atletismo, cujas tradições remontam à Grécia Antiga.
Conforme noticiou a Máquina do Esporte, pela primeira vez na história moderna a maratona olímpica terá inscrições abertas ao público em geral.
Além disso, foi criada uma prova com percurso de 10 quilômetros, que será aberta a corredores amadores. Cada uma das corridas receberá até 20.024 inscrições, que deverão ser divididas igualmente entre homens e mulheres, respeitando a regra de paridade de gênero do evento.
O percurso terá início no Hôtel de Ville, sede do governo de Paris, e será concluído na Esplanade des Invalides, passando por cartões-postais da capital francesa, como o Museu do Louvre, Grand Palais, Château de Versailles e a Torre Eiffel.
O trajeto foi inspirado na “Marcha das Mulheres”, realizada entre 5 e 6 de outubro de 1789 e que é considerada um dos momentos mais decisivos da Revolução Francesa. “A Maratona de Participação em Massa criará memórias inesquecíveis ao longo da vida para quem tiver a oportunidade de desfrutar das duas rotas oferecidas”, afirma o site oficial de Paris 2024.
Sustentabilidade
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 também têm buscado adotar práticas sustentáveis e terão apenas duas construções especialmente criadas para a competição. Uma delas é o Centro Aquático Olímpico, com 5 mil lugares, dos quais 40% são removíveis, e que terá 90% da energia proveniente de fontes renováveis.
O espaço foi construído com materiais de base biológica, com o foco em tornar a estrutura do centro aquático integrada à vegetação ao redor. Mais de 4 mil painéis solares em seu telhado ajudarão a água da piscina a permanecer em 27ºC, convertendo o Centro Aquático em um do maiores parques solares urbanos da França.
Para Tatiana Fasolari, CEO do Grupo Fast, tais mudanças devem ser priorizadas pelo setor de construção civil, para aumentar a capacidade de energia renovável até 2030.
“O setor da construção civil está cada vez mais atento às tendências do mercado, como a sustentabilidade e as inovações tecnológicas. É crucial compreender e responder às demandas do público para garantir o sucesso nos negócios e o bem-estar de todos. Portanto, é fundamental que tanto os consumidores quanto as construtoras estejam sempre atualizados e dispostos a se adaptar às novas demandas e expectativas do mercado”, afirma.