Ganhadora da primeira medalha olímpica do tênis brasileiro na história (um bronze, obtido em dupla com Luisa Stefani), Laura Pigossi busca diversificar seus negócios.
Já garantida nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a atleta está focada em expandir suas parcerias comerciais e em planejar a gestão de sua carreira.
Em entrevista concedida à Máquina do Esporte, Laura comentou sobre este novo momento em sua vida, que é marcado por mudanças. A mais decisiva delas talvez envolva a troca da equipe responsável pelo marketing da tenista.
“Chega um momento em que o planejamento de gestão precisa ser feito de maneira profissional, de ponta a ponta, para que tudo caminhe na direção correta. Tudo precisa estar alinhado com quem eu sou e como desejo me posicionar, para que eu possa buscar parcerias com marcas que de fato me representam”, explicou.
Expansão
Nascida em 1994, Laura foi aos poucos galgando espaços e parcerias dentro do tênis. A primeira delas, que permanece até hoje, foi firmada com o Banco de Brasília (BRB), nos tempos em que ela ainda pouco conhecida do grande público. “Eles acreditaram em mim. Por isso, eu os tenho como parte de minha família”, explica.
A medalha de bronze conquistada nos Jogos de Tóquio, disputados em 2021, ajudaram a abrir novas oportunidades para a atleta, a começar pela Asics.
“Eu já usava peças da marca, principalmente tênis, pois proporcionava conforto quando eu jogava. Mas esse acordo com a Asics foi diferente. Foi o que podemos chamar de ‘contrato de gente grande’”, afirmou.
Laura também fechou com a fornecedora de raquetes Babolat, além de firmar parceria com a empresa de energia Engie (conhecida por patrocinar diversas competições da modalidade, no Brasil e no exterior), via Confederação Brasileira de Tênis (CBT).
Entre os outros patrocinadores da atleta estão a marca de suplementos Intra Sports Nutrition e a Faculdade Estácio de Sá. Ela também é parceira da Play Analytica, empresa de tecnologia de dados especializada tênis.
Novas perspectivas
Neste novo momento de sua carreira, Laura Pigossi está focada em construir e elevar sua marca pessoal, para, futuramente, quem sabe, poder contar até mesmo com sua marca de roupas ou de outros produtos.
E essa meta pode estar próxima de ser alcançada, já que a tenista negocia, atualmente, com uma marca de cosméticos, com possibilidade de lançar, futuramente, inclusive uma linha própria. Por enquanto, porém, ela prefere não adiantar detalhes, antes que o acordo se concretize.
“É óbvio que o tênis continuará sendo minha prioridade. Mas a ideia é começar com passinhos de formiga e aos poucos ir colocando a cara, para crescer”, disse.
Por essa razão, a gestão estratégica da carreira tornou-se tão fundamental para ela, nesta etapa. “A partir do momento em que você sabe o que quer, pode buscar os melhores meios para alcançar o que deseja”, afirmou.
Essa visão gerencial da carreira, Laura acredita ter sido influenciada pela família. “Meu pai é médico, meu irmão fez administração e minha mãe sempre cuidou da contabilidade de casa. Aprendi com eles que, fora de meu nicho de atuação, existe um mundo de oportunidades. Sempre gostei de tocar violão, jogar futebol. Consigo ter flexibilidade nas coisas que faço”, explicou.
Para Laura, essa mentalidade flexível para os negócios contribui inclusive com seu desempenho dentro das quadras. “Isso me permite enxergar as situações a partir de ângulos diferentes”, disse Laura, que conquistou duas medalhas de ouro, na dupla e no simples, nos últimos Jogos Pan-Americanos, disputados em Santiago, no Chile, em 2023.
Preparada para o futuro
Essa busca por diversificar os negócios ocorre também porque Laura Pigossi tem consciência de que a carreira de atletas de alto rendimento tende a ser mais curta, em comparação às demais profissões. “Você nunca sabe o dia de amanhã. Precisa estar preparada”, disse.
Um dos principais investimentos feitos pela tenista nos últimos tempos consiste em uma hamburgueria gourmet, fundada em sociedade com o irmão Lucas Pigossi, em Barcelona, na Espanha, cidade onde os dois residem atualmente.
“Meu irmão tinha o desejo de criar algo próprio, onde pudesse trabalhar para si mesmo. Um dia, por volta de 2018, queríamos comer um hambúrguer, mas não encontramos nada semelhante ao que nos agradava no Brasil. Foi assim que veio a ideia. Quando resolvi me tornar tenista, minha família abraçou meu sonho. Então, resolvi abraçar o de meu irmão. E colocamos a mão na massa”, disse.
Quando ela diz “colocar a mão na massa”, a expressão deve ser entendida literalmente, já que, quando não está jogando tênis ou treinando, é comum que Laura, sócia-investidora da Hideout Burger, realize serviço braçal, como lavar louça ou ajudar no delivery. “Há ocasiões em que fechamos evento. Aí, vai todo mundo preparar hambúrguer”, contou.
Atualmente, a Hideout já conta com três unidades, sendo duas em Barcelona e uma em Madrid. Nos posts feitos pela marca nas redes sociais, as raízes brasileiras da empresa são sempre ressaltadas. Com direito inclusive a uma publicação celebrando a medalha conquistada por ela em Tóquio.
“Acho que deveríamos ter um hambúrguer com nome olímpico”, brincou Laura, que disse estar focada em melhorar ainda mais seu desempenho, nos Jogos de Paris 2024. “O bronze já sabemos como alcançar. Agora, vamos além”, concluiu.