Quadrilha de servidores públicos e empresários que desviava dinheiro público por meio de fraude em licitações também lesou a Fundação Indígena em Sidrolândia, diz a denúncia. Eles supostamente se aproveitaram da compra de carne para os nativos para obter vantagem ilícita.
A apuração foi feita pelo Ministério Público Estadual, por meio dos grupos Gaeco e Gecoc, no âmbito da Operação Tromper, deflagrada na manhã de quarta-feira (3), na Capital e em Sidrolândia.
O próprio juiz Fernando Moreira Freitas da Silva usou o trecho sobre a fundação de assistência aos indígenas para autorizar as prisões de oito suspeitos, dentre eles o vereador de Campo Grande, Claudinho Serra.
Indígena
Conforme narrou o MPE, os envolvidos são Tiago Basso, que era servidor público, Milton Matheus Paiva Matos, Ricardo Rocamora e Claudinho Serra usaram a S.H Informática – Taurus como instrumento para desviar dinheiro público.
Ainda segundo a apuração, Milton precisava atender um pedido para a compra de 70 Kg de carne para os indígenas. Tiago Basso seria o responsável por emitir o empenho (nota a ser paga pela prefeitura). Porém, o primeiro disse que seria necessário emitir mais um empenho para ter uma margem de lucro e sugeriu uma licitação para compra de materiais para construção e de beleza.
Em outro trecho, Milton se sentiu incomodado com o envio da propina de uma só vez. Ele sugeriu fracionar o dinheiro ilícito.
”… hoje tem 50 mil, se esses 50 mil ficassem quietos lá, todo mês fosse passando dez, passando quinze beleza, rapidão mata”, orientou o suspeito.
Em conversas interceptadas pela investigação, com autorização da Justiça, mensagens mostram repasse de propina de R$ 5 mil entre Saulo Ferreira Jimenes, dono de um posto de combustível da cidade, que seria de desvio da Fundação Indígena e pago pela prefeitura.
O espaço está permanentemente aberto a todos os citados na reportagem ou às defesas caso estejam encarcerados.
Vereador foi preso em condomínio de luxo na Capital (Foto: divulgação Gaeco)
Entenda o caso
A Operação Tromper, deflagrada na manhã desta quarta-feira (3), investiga fraudes em contratos que somam cerca de R$ 15 milhões entre empresas e a prefeitura de Sidrolândia.
Na terceira fase da investigação, foram cumpridos oito mandados de prisão e 28 de busca e apreensão.
A ação é realizada pelo Ministério Público, por meio da 3ª Promotoria de Justiça de Sidrolândia, do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).
Segundo o Ministério Público, o Gecoc ratificou “a efetiva existência de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações e contratos administrativos com a Prefeitura Municipal de Sidrolândia, bem como o pagamento de propina a agentes públicos municipais”.
Também foi identificada nova ramificação da organização criminosa, atuante no ramo de engenharia e pavimentação asfáltica.
A operação contou com o apoio operacional do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), do Batalhão de Choque e da Força Tática da Polícia Militar, além da assessoria militar do Ministério Público.
“Tromper”, verbo que dá nome à operação, traduz-se da língua francesa como ‘enganar’.